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Caiu na Rede é... gente!

Caiu na Rede é... gente!

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Há quem diga que o ser humano evolui. Outros discordam e repetem trecho do poema musicado de Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes: “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”

É provável que a discordância ocorra em função da dificuldade para se perceberem os movimentos e as mudanças lentas e graduais. Outro motivo possível é a frustração de alguns diante das altas expectativas geradas em diferentes períodos do século 20.

Quem assistiu ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço” quando do seu lançamento, pode ter nutrido a expectativa de poder dialogar com um computador capaz de argumentar, como o “HAL” apresentado por meio dessa obra de 1968, dirigida por Stanley Kubrick. É claro que os seus expectadores nem sonhavam, naquela época, com a possibilidade de terem um computador e usá-lo para transmitir e receber dados quando quisessem.

 Da mesma forma, aqueles (como eu) que viram o surgimento da área de Recursos Humanos nas empresas, durante a década de 1970, nutrimos a esperança de que o ser humano iria dedicar- se mais ao humano, não somente no âmbito institucional como nos demais. Havia uma ditadura militar naquela época e a liberdade de expressão era restrita pela censura. Hoje, ela não é oficial e não se manifesta da mesma forma de então, mas que expressões se dedicam ao bemestar da população em geral, sem se preocupar com os interesses mesquinhos?

 Que ações têm sido realizadas regularmente para a saúde humana no seu sentido amplo de forma a reduzir as diferenças entre UM e OUTRO, prevenindo que o medo e o conflito cresçam entre esses? Ou seja, o que têm feito aquelas instituições responsáveis pela regulamentação das relações de mercado e pela gestão das cadeias de suprimento de bens, serviços e dinheiro; diante das quais a ação do indivíduo isolado é extremamente restrita?

Ninguém discorda, por outro lado, do seguinte: a tecnologia deu vários saltos. Saiu do estágio do artesanato em que o artífice ou artista era a base da produção e chegou à indústria que os processos produtivos combinam mecânica, química, elétrica, hidráulica, pneumática, eletrônica e informática para gerar e promover padrões. Ou seja, uma reprodutibilidade impensável em somente algumas décadas.

 Para a população em geral, essa evolução ficou evidente não só em função dos meios de transporte de bens e seres, como da transmissão de dados na forma de imagens, sons e documentos. Na maioria dos centros urbanos, os membros das famílias raramente conversam pessoalmente, permanecem longe de suas residências a maior parte do tempo e somente fazem as suas refeições juntos eventualmente, nos finais de semana, quase sempre estão fora de casa. Para muitos desses, o celular e a internet são, a um só tempo, instrumentos de trabalho e comunicação com os mais íntimos.

O humano, no entanto, continua nascendo total e completamente analfabeto! Mesmo os modelos mais recentes. E para entrar na rede (seja essa a de relacionamentos físicos ou a eletrônica, também conhecida como “social”) depende de outros a amparar os seus passos até alcançar autonomia por meio do aprendizado.

Mas de que forma esse aprendizado se processa?

Há quem diga ser por meio da imitação: UM imita o OUTRO até assimilar um repertório de comportamentos e ganhar autonomia para constituir a sua própria maneira de viver a partir de suas escolhas. Se assim é, então os modelos são essenciais e a autonomia de cada um depende do tipo que se dispôs para imitar. Assim, os garotos que antes seguiam o exemplo do traficante atuando na distribuição de drogas ilícitas, nas regiões ocupadas pelas Unidades Pacificadoras no Rio de Janeiro (UPP), ficaram com um rol de alternativas mais restrito que quem se mirou no exemplo do “cidadão comum”, aquele que dedica toda sua vida a sustentar uma maneira de viver voltada para o bem comum ou, pelo menos, em não lucrar com o malefício alheio.

De que forma, no entanto, uma pessoa vai descobrir a amplitude ou a restrição de seu circulo de alternativas antes de completar 15 ou 20 anos de vida? Não vai. Por isso, depende tanto da educação amorosa, aquela realizada por pessoas que assumem o papel social de “mãe” e de “pai” sem aguardar qualquer tipo de recompensa por um longo período de dedicação, chegando a sacrificar o seu prazer imediato pelo direito de seu filho ou filha viver com mais esperança que medo.

Apesar de a tecnologia ter propiciado velocidade e abundância em certos domínios, a qualidade ainda está subordinada ao humano, aquele que transforma dados em informação, matéria-prima para tomar decisões cruzando alternativas com critérios, sem engolir qualquer coisa como se fosse verdadeira simplesmente em função da forma como foi expressa. Aprender a tomar decisões significativas depende de apoio e acompanhamento durante um período razoável de tempo. Os livros, os filmes, as palestras e outros meios podem ajudar, mas não são suficientes.

Uma vez que alguns querem comprar atalhos, sempre haverá quem se disponha a vendê-los sem ter meios para entregá- los. Quantos já se apresentaram como detentores de métodos infalíveis de aprendizado instantâneo, prometendo desde o aprendizado de uma língua estrangeira até o completo domínio de todo o “know how necessário para exercer uma profissão de sucesso em 24 horas? Quantos desses cumpriram as suas promessas?

Se alguns ainda apostam na ‘didática do imediatismo’ ou na ‘pedagogia do desespero’ é porque acreditam ser capazes de alcançar o êxito no empreendimento em que outros falharam. Nesse sentido, podem ser interpretados como imaturos ou ingênuos. Ou é porque estão empenhados em promover o engano. Nesse caso, sua má fé se revelará. Não existe qualidade sem dedicação e maturidade.

Enviar um currículo pela internet é tarefa que se aprende em curto espaço de tempo. Agora identificar adequadamente a vaga a que concorrer e comportar-se bem diante de um profissional de seleção, requer maior investimento para gerar competência. Entendendo competência como “saber fazer + fazer com frequência e eficiência o que tem valor de troca”.

Da mesma forma que receber currículos via internet e fazer uma triagem destes se apresenta como tarefa razoavelmente simples diante da responsabilidade de preencher adequadamente uma vaga existente no quadro de uma empresa, pois a efetividade é a meta.

Não se contesta a “rede”. Mas essa é um meio, não um fim em si própria. Ela só existe enquanto GENTE se serve dela para transmitir e receber dados. Os negócios por meio da “rede” somente se mantêm até terem sentido para pessoas e não ao contrário. Pessoas empenhadas na realização de projetos, produção, distribuição, finanças, vendas e tudo o mais, todos os dias.

 

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