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Consultor empresarial: para que?

Consultor empresarial: para que?

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Depois de algumas décadas de experiência, mais de 50 clientes e vários parceiros, construí uma versão a respeito da atuação do Consultor Empresarial. Não posso afirmar que é a “melhor do mundo”, mas tem sido útil para orientar os interessados em entender a dinâmica do trabalho de consultoria e identificar o momento mais oportuno para convidar um profissional dessa área para uma conversa a respeito dos destinos de sua empresa.

Trata-se de um prestador de serviço (ou “terceiro” como alguns preferem) semelhante ao “Prático”, aquele profissional que conhece as águas de uma determinada região e tem habilidade para conduzir um barco ou navio com segurança ao seu destino, principalmente quando se trata do atracamento a determinados portos. Não é infalível, mas é capaz de evitar a repetição de enganos cometidos no passado porque acompanha a evolução de marés, bancos de areia, ventos, correntes, naufrágios, visibilidades e posição de outras embarcações. Ele não é melhor que o capitão que conduz embarcações pelos oceanos. Só é mais adequado para determinadas tarefas em função de vários anos de experiência e do credenciamento pela Marinha.

O Consultor Empresarial, por sua vez, depende não só da experiência como também de uma formação escolar equivalente a mestrado ou doutorado para saber lidar com problemas/oportunidades, conflitos/consensos e poder compartilhado por clientes,  fornecedores, gestores e operacionais, mediante determinada metodologia capaz de gerar  soluções e produzir competências (entendendo competência como “saber fazer + fazer o que é valorizado pela cadeia de suprimento, com frequência e eficiência determinadas”).

Uma vez que os princípios industriais servem de base para as estruturas das empresas de todos os setores, desde a agricultura e construção civil até as linhas de montagem, faz parte do seu trabalho colaborar para a constituição e integração entre os padrões de produtividade, qualidade e lucratividade. Isso mesmo, se os padrões não se harmonizam, a empresa tem pouca chance de conquistar e manter uma fatia de mercado compatível com suas demandas, pois os ganhos de um vértice podem ser desperdiçados pela incompatibilidade com  outros. Assim, por exemplo, a satisfação  da clientela pode não colaborar para o retorno  sobre o capital investido enquanto  os padrões não forem compatíveis.

Enquanto os representantes dos diversos  setores organizacionais podem  se dar ao luxo de defender suas alternativas  de padrões, criticar as demais ou  se empenhar nos casuísmos, cabe ao  Consultor pregar e contribuir para o consenso:  todos precisam definir o roteiro  da procissão, seu ritmo e o revezamento  dos carregadores de andor. E, mais importante,  colocar em prática o que foi  combinado. Se alguém confundir o andor  com carro alegórico para exortar seu  próprio ego, os riscos de perdas aumentam  significativamente.

 Exemplo disso foi o que ocorreu a uma  produtora de artigos para uso pessoal  da Região Metropolitana de Campinas.  Diante do declínio das vendas em função  da concorrência dos importados, grande  ênfase foi dada para a redução de custos  e preço, o que consumiu tempo e energia  organizacional em grandes volumes. Mas  as vendas não se recuperaram, transformando  o que se julgava ser “investimento”  em “desperdício”. Tudo porque o desespero  prejudicou a constituição do foco.  O preço não é o único critério utilizado  pela pessoa física para decidir o que vai  usar. Engano que o consultor pode ajudar  a prevenir, na medida em que se utilize de  método adequado para colaborar no processo  de tomada de decisão estratégica.

E enganos desse gênero não são raros.  Os recursos existem, mas são empregados  na direção errada, às vezes. Esse profissional,  no entanto, ainda não conta com entidade  reconhecida para credenciar ou  oferecer um “selo de qualidade” com relação  ao seu trabalho. Sua atuação somente  é útil se é convidado pelo empresário/  executivo firmemente comprometido  com a melhoria dos processos empresarias.  Processos de negociação, tomada de  decisão, envolvimento de competências,  transformação, monitoramento e controle  da dinâmica desses. Tudo isso visando  um patamar superior de padrões de qualidade, produtividade e lucratividade.

Tendo sempre em mente que as organizações  são complexas e não se aperfeiçoam  por meio de iniciativas simplistas  mas de ações consequentes devidamente  planejadas e executadas, voltadas para  um conjunto de aspectos.

Há quem acredite na perfeição. Esses  não são os consultores empresariais com  quem tenho trabalhado, cujo maior patrimônio  é o método capaz de evitar a repetição  de problemas relacionados a fluxos  e estoques de dados e recursos, que tem  ocorrido nas empresas durante os últimos  40 anos e continuarão ocorrendo naquelas  que preferem cometer seus enganos  por conta própria a acertar com a colaboração  de outros.

Alguns justificam essa preferência afirmando  que esses serviços são caros. O  que pode ter sido verdade em uma época  em que os consultores eram raros e famosos.  Atualmente a oferta desse serviço aumentou  e pode se encaixar no orçamento  de empresas classificadas como pequenas,  médias ou grandes, adequando o tipo  de apoio e a distribuição de sua carga  de trabalho. Porém cuidados são requeridos.  Vejamos alguns:

1. Identificar claramente a melhoria  a ser conquistada, sabendo que esta  somente será viabilizada mediante à  mudança.
Nenhum aperfeiçoamento pode  ser alcançado sem a alteração de  hábitos e processos

2. Caracterizar as competências  necessárias para promover as melhorias.  
Se simpatia fosse suficiente para  sustentar resultados, determinados  bancos nunca teriam fechado suas  portas no Brasil

3. Conversar com o Consultor  Empresarial – considerado competente  para dar suporte à melhoria almejada  –, ouvir o que ele tem a dizer  e avaliar o seu sentido.  
Cuidado com quem apresenta  uma solução antes de conhecer os  dados do problema

4. Certificar-se de que o Consultor  Empresarial em questão já deu provas  de se dedicar à consolidação da  melhor solução possível em outras  organizações, por meio do uso racional  dos recursos disponíveis.  
Fuja de milagreiros, de idealistas e  daqueles que, por dinheiro, prometem  até ensinar “cavalo a falar”

5. Assegurar-se de que as ações propostas  pelo Consultor Empresarial  não se limitam a falar, mas se estendem  em testar e fazer.  
Reserve aos palestrantes o privilégio  de viver de palavras

6. Garantir que a atenção e os recursos  previstos sejam alocados na execução  do projeto.  
Pior do que não construir ponte  alguma é construir uma ponte pela  metade

7. Avaliar a execução do projetado  continuamente, de forma a prevenir/ corrigir a ocorrência de desvios.
Trate o Consultor Empresarial da  mesma forma como se espera que  trate os envolvidos: sem o compromisso  de agradar ou desagradar a  ninguém

Sempre lembrando que, diferente do  “Prático”, esse profissional jamais assume  a condução da empresa, permanecendo  na função de suporte na hora de decidir  pelo melhor para a organização e de trabalhar  com os designados para implementar  o que foi definido.

Isso é o principal. Sobre outros aspectos  sempre se pode conversar.

 

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